Encontro no TRT5-BA discute acessibilidade no lazer e na cultura

Reflexões sobre como tornar a cultura e o lazer acessíveis para as pessoas com múltiplas deficiências nortearam os debates do 5º Encontro sobre Acessibilidade, realizado na manhã desta quarta-feira (20/9), no edifício-sede do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT5-BA), em Nazaré. Programado para a semana em que se celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21/9), o evento reuniu magistrados, servidores e profissionais de diversas áreas para discutir adaptações e mudanças nas estruturas e atitudes necessárias para que a cultura, o lazer e os direitos sociais estejam à disposição de todos.

"Queremos contribuir para a acessibilidade em todos os sentidos, pois acreditamos que um país onde as pessoas não tenham acesso ao lazer e a cultura não é uma sociedade inclusiva e cidadã", afirmou a presidente do Tribunal, desembargadora Maria Adna Aguiar, ao comentar a temática do evento, que ultrapassa os muros do Judiciário. Ela falou de alguns avanços da acessibilidade no Judiciário e reiterou que o TRT5-BA segue comprometido em promover as intervenções necessárias para o acesso de todos à Justiça, mas que "é necessário também pensar em outras formas de contribuir para as necessidades de cada deficiência".

PALESTRAS – Na visão do turismólogo Ricardo Shimosakai, que falou sobre "Acessibilidade e inclusão no lazer e turismo", um dos desafios envolve justamente a variedade de produtos e serviços turísticos. "Nesse processo é muito fácil as pessoas com deficiência esbarrarem em problemas de acessibilidade não apenas nos hotéis, mas também em restaurantes, rodoviárias, aeroportos e nos próprios pontos turísticos", afirmou. Ricardo tornou-se paraplégico e cadeirante em 2001 após levar um tiro num sequestro relâmpago, e contou como teve a ideia de montar a própria agência de viagens especializada no turismo adaptado, e tornar-se um ativista da área de acessibilidade.

Em seguida, o arquiteto e urbanista Adson Ribeiro, da Superintendência dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (SJDHDS), falou sobre o programa "Bahia Acessível", do Governo do Estado, que inclui uma série de ações e projetos em prol da acessibilidade, seja através de iniciativas atitudinais ou através de intervenções na infraestrutura da cidade. Um dos projetos comentados foi o "Pelourinho Acessível", que permitiu a adequação das calçadas para uso por cadeirantes. "Quando se trata de patrimônio histórico tombado, promover a acessibilidade é sempre um desafio, mas o que aconteceu no caso Pelourinho é a demonstração de que é possível", disse.

Já para a terapeuta ocupacional Patrícia Dorneles, idealizadora e coordenadora do I Curso de Pós-Graduação em Acessibilidade Cultural para Pessoas com Deficiência da UFRJ, o principal obstáculo para a acessibilidade cultural, principalmente nas classes populares, está na ‘cultura’ de tratar a cultura como algo supérfluo. Outro entrave está na ausência de políticas públicas que abranjam as múltiplas deficiências (surdez-cegueira, deficiência intelectual, paralisia cerebral, etc.).  "A maioria das iniciativas de promoção da acessibilidade cultural ainda estão centradas na questão da mobilidade", pontuou, ao destacar a importância das políticas culturais com a acessibilidade.

O evento contou com apresentações musicais, tradução em LIBRAS e audiodescrição

ENCONTRO PREPARATÓRIO - Pela primeira vez este ano, o TRT baiano também realizou o Encontro Preparatório para o 5º Encontro sobre Acessibilidade, na tarde desta terça-feira (19) no auditório da Escola Judicial. Organizado pela Comissão de Acessibilidade do TRT5-BA, o evento reuniu representantes das comissões de acessibilidade de TRTs de todo o país, que debateram sobre aposentadoria especial para servidores públicos com deficiência nos mesmos moldes da Lei Complementar 142/2013, que já reconhece tal direito para os segurados do Regime Geral da Previdência Social. Os participantes deliberaram ainda ações que vêm sendo adotadas em cada Regional em prol da ampla acessibilidade às pessoas com deficiência.

Entre os participantes do encontro estavam os desembargadores Álvaro Alves Nôga e Maria do Socorro Guimarães, que presidem as comissões de acessibilidade nos TRTs de São Paulo e de Rondônia e Acre, respectivamente, entre outros magistrados e servidores que integram as respectivas comissões em cada Região. No TRT da Bahia, o servidor Marcelo de Carvalho Monteiro Filho coordena a Comissão de Acessibilidade. Já no 5º Encontro, marcou presença o superintendente dos Direitos das Pessoas com Deficiência da SJDHDS, Alexandre Baroni, a presidente da Associação Baiana de Deficientes Físicos, Luiza Câmara, dentre outros.

Secom TRT5-BA (Lázaro Britto) – 20/9/2017