Ministério Público do Trabalho vê inconstitucionalidade na reforma trabalhista

O jornal A Tarde desta quarta-feira (25/1), na sua página B5, divulgou matéria sobre estudo do Ministério Público do Trabalho (MPT) a respeito da reforma trabalhista proposta pelo governo federal. O MPT pede a rejeição por completo de dois projetos de lei e a alteração na redação de outros dois. Veja abaixo a íntegra da reportagem:

 

"MPT: reforma trabalhista é inconstitucional

 

O Ministério Público do Trabalho (MPT) afirmou, ontem, que são "inconstitucionais" as mudanças na legislação trabalhista propostas pelo governo federal, que tramitam no Congresso Nacional.

 

O estudo, elaborado por 12 procuradores do Trabalho, pede a rejeição por completo de dois projetos de lei e a alteração na redação de outros dois,

 

Para os procuradores, as mudanças contrariam a Constituição Federal e as convenções internacionais firmadas pelo Brasil. Além de gerarem insegurança jurídica, têm impacto negativo na geração de empregos e fragilizam o mercado interno.

 

Ao final da reunião do MPT com centrais sindicais, associações que atuam no âmbito da Justiça do Trabalho e outras entidades, os integrantes assinaram um documento, intitulado "Carta em defesa dos direitos sociais".

 

O texto de duas páginas teve, segundo o MPT, a assinatura de 28 entidades, entre elas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra).

 

O texto diz que "é da maior importância que as propostas não tramitem sem que seja promovido um grande e profundo debate com toda a sociedade".

 

Segundo o documento, todas as entidades concordaram que não pode haver discussão em regime de urgência dessas propostas. "Foi deliberado que haja uma prévia discussão à tramitação destas propostas", afirmou o procurador-geral do trabalho, Ronaldo Fleury.

 

Outra resolução da reunião foi a criação do Fórum de Defesa do Direito do Trabalho. "Se há necessidade ou não de alteração da CLT, que haja efetiva participação da sociedade nessas discussões. O fórum está sendo criado hoje e a partir daí a ideia é que possamos discutir com o governo, o Legislativo e o Judiciário sobre as reformas", afirmou Ronaldo Fleury.

 

O procurador-geral do Trabalho disse também que "o intuito não é qualquer atuação político-partidária, mas, sim, a atuação na defesa dos direitos sociais e na defesa dos direitos dos trabalhadores".

 

As quatro notas técnicas que compõem o estudo do MPT abordam a prevalência do negociado sobre o legislado, a flexibilização da jornada, o regime de tempo parcial, a representação de trabalhadores no local de trabalho, a terceirização da atividade-fim, o trabalho temporário e a jornada intermitente. Segundo o texto dos procuradores, tudo isso está sendo "imposto de forma a provocar um grande desequilíbrio nas relações entre empregados e empregadores no país".

 

Os dois projetos que os 12 membros do MPT querem ver descartados são o PL 6787/2016, que, segundo os procuradores, impõe a prevalência do negociado sobre o legislado, e do PLS 218/2016, que permite a terceirização da atividade-fim por meio do chamado "contrato de trabalho intermitente"."

 

Secom TRT5 - 25/1/2017