Em palestra no TRT5, psicóloga diz que diálogo é melhor prevenção ao suicídio

 

Durante a mesa-redonda "Suicídio: Crime ou castigo?", realizada  no auditório do Fórum do Comércio, na manhã da última quinta (22/9), a psicóloga Soraia Carvalho, coordenadora do Núcleo de Estudo de prevenção ao Suicídio (Neps), questionou os presentes sobre o porquê da falta de compaixão para com o suicida, já que, quando sabemos de casos, condenamos de imediato. "Se assistirmos um caso de suicídio na TV, logo falamos, 'que loucura, essa pessoa merecia morrer mesmo, não tinha amor no coração'. Diferentemente de quando alguém é morto ou ferido, quando há uma comoção, uma pena," afirmou.

 

O Neps promove reuniões semanais com suicidas em potencial e familiares no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), ajudando na prevenção e incentivando o compartilhamento de experiências. A primeira etapa do acompanhamento é a avaliação psicológica para identificação do estado de saúde do paciente. Também são realizadas, no local, sessões de psicoterapia individual e atendimento com psiquiatra.

 

De forma leve e bem didática, Soraia citou dados de suicídio no Brasil. O país ocupa a 8ª colocação no mundo. Disse, ainda, que já morreram mais pessoas por suicídio que em todas as guerras feitas pelo homem. "O suicídio é extremamente humano e está em todas as culturas", declarou a psicóloga.

 

 

 

Casos de suscetíveis abandonos na vida podem acionar o gatilho que impulsiona as tentativas de suicídio. Pensando nisso, Soraia alertou para que se tenha um olhar atento aos colegas, amigos e familiares. Uma pessoa que fala que não queria acordar ou que tem pensamentos muitas vezes negativos, com  histórico de suicídio na família, separação conjugal, vergonha ou temor, e até manifestação de sofrimento, são sinais para ficarmos alerta. O indivíduo que por vezes ameaça se matar, um dia pode realmente fazê-lo e, para ajudar, nós temos que ouvir as questões sem julgamento, sem preconceitos, indicar ajuda especializada e sempre apoiar.

 

O nível de exigência social faz com que a pessoa não queira decepcionar. Soraia revelou um caso de uma adolescente que ao chegar em casa foi questionado pela avó se estava fumando. A garota correu e se jogou do 5º andar, e felizmente não morreu. "Existem casos de adolescentes que tentam o suicídio porque tiraram uma nota baixa, ou tiveram uma foto divulgada nas redes sociais ou até mesmo por sofrer bullying na escola", disse a psicóloga.

 

CVV - No final da palestra, que foi promovida pela Coordenadoria de Projetos Especiais (CPE) como parte da Campanha Setembro Amarelo, a representante do Centro de Valorização da Vida (CVV), Joseana Rocha, falou sobre as atividades de apoio emocional e prevenção do suicídio promovidas pela instituição. O CVV atende voluntária- e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 141, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias, em todo o Brasil.

 

Secom TRT5 - (Edilena Vasconcelos) - 23/9/2016