Amatra e TRT5 levam noções de cidadania para estudantes com peça teatral

 

 

Parceria da Associação dos Magistrados da justiça do Trabalho (Amatra5) com o Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT5-BA), o programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC) promoveu para alunos do Colégio Estadual Alípio Franca, localizado na Avenida Dendezeiros, na Cidade Baixa, uma experiência educacional rica e diferente na noite da última quarta-feira (10/8). Os estudantes assistiram uma peça teatral que narra um fato histórico ocorrido no Brasil nos anos 1930 e depois tiveram a oportunidade de aprofundar o tema com dois professores e com os próprios atores do espetáculo. O TJC é uma iniciativa da magistratura trabalhista que leva noções básicas de direitos fundamentais e de cidadania para alunos de escolas públicas.

 

 

O espetáculo aconteceu no Teatro Gregório de Mattos, em Salvador, e foi assistado por cerca de 80 alunos. A peça, intitulada Curral Grande, tem o texto do premiado autor cearense Marcos Barbosa e mostra a existência de campos de concentração criados pelo governo do Ceará, no período das Grandes Secas de 1932, para confinar os flagelados. O episódio, pouco conhecido da população, é levado ao palco pelos atores Bruna Scavuzzi, Brisa Rodrigues, Carlos Darzé e Lucas Lacerda, que integram o coletivo Ponto Zero. A peça está em cartaz desde 2014, no Rio de Janeiro, e chega agora a Salvador.

 

O aluno Lucas Menezes, do segundo ano do Colégio Alípio Franca, saiu impressionado com o espetáculo. Ele disse que não conhecia o episódio retratado e que a peça conseguiu, com criatividade, retratar bem a atmosfera da época e trazer à tona a discussão sobre a higienização social.

 

CURRAL DO GOVERNO - Depois da peça, os alunos se reuniram no foyer do teatro e assistiram a uma aula do professor de História Zé Carlos, que traçou um panorama da época, citando as secas de 1877, 1915 e 1932. Segundo ele, no final do século XIX, surgiram teorias de que era preciso promover uma higienização social no país, inspirado no modelo europeu de uma cidade limpa, com grandes avenidas e ruas largas, como em Paris.

 

 

Essa ideia se estendeu para o campo social, com a criação do ''Curral do Governo'', uma forma de isolar os pobres e não contaminar os ricos. O professor mostrou que em apenas um campo de concentração, no Ceará, morreram mais de mil pessoas em um ano. Depois foi a vez da presidente da Amatra5, juíza Rosemeire Fernandes explicar a metodologia do TJC e lembrar que a defesa das conquistas dos trabalhadores deve envolver a todos, inclusive os estudantes, que futuramente estarão no mercado. ''Precisamos ficar atentos para que direitos obtidos com tanta luta não sejam violados'', disse a magistrada.

 

Na sequência, a professora Olenêva Sanches fez uma abordagem mais filosófica da questão, citando o educador Paulo Freire e destacando a importância da ética para a construção da cidadania. Depois foi aberto um debate, no qual os alunos fizeram perguntas aos atores sobre detalhes da peça. Como mensagem final, a atriz Bruna Scavuzzi disse que as conquistas não caem do céu e que é preciso lutar para alcançar os objetivos, como fez o Coletivo Ponto Zero, um grupo formado por alunos da Escola de Teatro da UFBA que se reuniu para montar o espetáculo.

 

PARCERIA DE 10 ANOS - O programa TJC é uma iniciativa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Amatra) e com parceria do Tribunal Regional do Trabalho 5ª Região (TRT5). Na Bahia, a Amatra5 aplica o programa desde a sua criação, há mais de 10 anos. O TJC funciona com a participação efetiva de magistrados da Justiça do Trabalho, advogados e professores, que levam noções básicas de direitos fundamentais, do trabalho, da criança e do adolescente e do consumidor, além de ética e cidadania.

 

 

O público de interesse é formado por estudantes do ensino fundamental e médio, em especial aqueles que estão se preparando para entrar no mercado de trabalho, além de estudantes dos cursos profissionalizantes, de Escolas de Jovens e Adultos (Ejas).

 

Além das aulas, os alunos visitam o Fórum trabalhista, assistem a audiências, tiram dúvidas com os magistrados e apresentam um trabalho final (chamado de culminância), no qual mostram, de forma lúdica, o que aprenderam em sala de aula.O TJC já foi reconhecido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) como uma boa prática de combate ao trabalho infantil.

 

Fonte: Amatra - 12/8/2016