'Mulheres continuam sofrendo ataques sistemáticos', afirma Contardo Calligaris

 


 

 

''A sociedade, apesar dos avanços conquistados pelas mulheres, continua promovendo ataques sistemáticos ao desejo feminino. É como se o corpo  feminino fosse o horizonte da vida  política e social; e por isso precisasse ser  cerceado''.  Essa foi uma das conclusões do psicólogo Contardo Calligaris durante palestra na última sexta-feira (4/3), que abriu com chave de ouro a programação do Tribunal  em torno do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e do Programa de Desenvolvimento Gerencial, voltado para a formação de líderes.

 

A presidente do TRT5, desembargadora Maria Adna Aguiar, abriu o evento, que lotou o Salão do Pleno, em Nazaré, ressaltando: ''O Dr. Calligaris é um estudioso do feminino. A sua escolha para este evento, além de justificada por seu vasto e admirável currículo, foi pontuada numa singularidade da instituição, porque notadamente feminina em seu conjunto de pessoas - dos 2.265 servidores do TRT5, 1.280 são mulheres (56%,51%); dos 212 magistrados, 127 são mulheres (59,9%). Minhas homenagens para todas, inclusive às que já passaram por aqui''.

 

Outros desembargadores que compuseram a Mesa Alta também saudaram as mulheres. Tiveram assento neste local de honra, a ex-presidente do TRT5 (de 2001 a 2003) Dolores Correia Vieira; a vice-presidente Maria de Lourdes Linhares; o corregedor regional Esequias de Oliveira; a vice-corregedora Nélia Neves e a ouvidora Ivana Magaldi. A presidente também fez uma menção honrosa à desembargadora Maria Nunes da Silva Lisboa, conhecida como Marietinha, falecida no final do ano passado.

 

QUARTO DE JACK - Contardo Calligaris abriu a sua palestra promovendo uma comparação metafórica entre o papel que a mulher vem sendo impelida a desempenhar na sociedade ao longo da história, com o que é vivido pela personagem Joy, no premiado filme ''O Quarto de Jack''.

 

No filme, que rendeu o Oscar de melhor atriz à protagonista (Brie Larson), Joy é aprisionada por um homem durante sete anos, cinco dos quais dedicados aos cuidados e à educação de um filho. ''Cabia a ela, confinada às atividades domésticas, apartada do mundo, esperar o homem para deitar com ele. Essa, infelizmente ainda é a rotina e a perspectiva de muitas mulheres'', lamentou Calligaris.

 

O palestrante traçou um histórico da representação da mulher, desde os tempos das cavernas, e concluiu que, embora tenha havido avanços significativos, especialmente nos momentos de decadência econômica dos períodos pós-guerra, o modelo de felicidade ''vendido'' para as mulheres está sempre associado à conquista de uma vida conjugal e da maternidade. ''Basta a gente observar os comerciais de margarina'', ironizou.

 

Com isso, observou o psicólogo, apesar de muitas mulheres terem conseguido ampliar os seus horizontes para além das atividades domésticas, ainda carregam consigo um importante e pesaroso conflito entre as suas ambições profissionais e familiares.

 

"E qual a saída?'', perguntou alguém da plateia, ao  que ele respondeu: ''É preciso lembrar que quem duvida é sempre mais  inteligente. E que a liderança feminina, quando se estabelece, normalmente é mais qualificada exatamente porque se baseia em incertezas, em criatividade, e não em obediência servil. Outro ponto importante é romper a ideia de que felicidade depende sempre do coletivo e cultivar  a individualidade. E mais: cuidado com as armadilhas, pois ficar no Quarto de Jack pode parecer um conforto''.

 

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