18 de fevereiro: Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo


 

Com o final dos festejos de Carnaval, o Tribunal Regional da 5ª Região (TRT5-BA) encontra um momento oportuno para falar sobre o crescente uso do álcool na sociedade e, especialmente, no ambiente de trabalho. No dia de hoje, 18 de fevereiro, a discussão também ganha corpo por conta do Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo.

 

Dados do último Levantamento Nacional de Álcool e outras Drogas (II Lenad), realizado pela Fuvest, de São Paulo, revelam a preocupante dimensão do problema na população brasileira: cerca de 12 milhões dos adultos disseram consumir bebidas alcoólicas uma vez por semana ou mais. O estudo, de 2013, também mostrou que 8% das pessoas admitiram que o uso do álcool teve efeito prejudicial no seu trabalho, enquanto 4,9% relataram já ter perdido o emprego devido ao consumo de bebidas alcoólicas.

 

O uso de substâncias psicoativas acompanha a história da humanidade. No caso do álcool, aparece relacionado a rituais religiosos, culturais e sociais. Para o médico psiquiatra Mateus Freire, atualmente as propagandas e o fácil acesso contribuem para o aumento do consumo da bebida. ‘Há uma glorificação da substância, alavancada pela influência e poder econômico das principais fabricantes de bebidas alcoólicas. Não é possível que o álcool seja eliminado completamente da sociedade, mas é necessário um esclarecimento maior da população em relação a seus efeitos e sobre como se fazer um consumo responsável.'

 

NO TRABALHO - De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), um organização não governamental, a dependência de álcool é uma doença crônica e multifatorial. No ambiente de trabalho, o alcoolismo aparece através de sintomas como dificuldades de concentração, raciocínio, perda de memória, problemas na relação com outros colegas e acidentes laborais. "O álcool é uma droga com efeitos depressores sobre o sistema nervoso central e que leva à sedação, prejuízos na coordenação motora e desinibição do comportamento, modificando a capacidade de julgamento do indivíduo. Seu uso no ambiente de trabalho, desta forma, aumenta o risco de erros e acidentes envolvendo não somente o próprio usuário, mas também terceiros", revela Freire.

 

Para Mariana Lima, psicóloga organizacional do TRT5-BA, problemas no ambiente de trabalho - estresse, preocupação com metas, perturbação na relação com os colegas - também colaboram para o consumo do álcool. "O trabalho é afetado, mas também pode afetar, por isso é importante ter um olhar cuidadoso para essas pessoas", comenta.

 

Como as empresas devem proceder? Veja alguns casos

 

Em dezembro de 2012, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) confirmou a justa causa de um frentista que bebeu durante o intervalo de trabalho. Na ação trabalhista, o funcionário admitiu ter tomado uma lata de cerveja na companhia de outros colegas de serviços. O Tribunal entendeu que a atitude do funcionário ao beber durante o intervalo intrajornada justifica a dispensa por mau procedimento por não estar vinculada à uma dependência alcoólica. Ou seja, a embriaguez em serviço de empregado saudável, não alcoólatra, constitui uma falta grave e pode justificar a aplicação de justa causa na demissão.

 

Havendo alcoolismo crônico, a Justiça do Trabalho analisa o comportamento no ambiente de trabalho de outro modo. Em abril de 2013, por exemplo, o TST reverteu a justa causa de um carteiro dos Correios, que em estado de confusão mental, causada pela ingestão de remédios e álcool, ofendeu seus colegas de trabalho.

 

Por se tratar de uma doença, os trabalhadores devem ser encaminhados para o serviço médico da empresa ou para Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), alertam os especialistas. "O uso de álcool pelo trabalhador durante o expediente precisa ter uma abordagem individualizada, considerando as particularidades de cada caso. Muitos destes indivíduos são portadores de dependência química ou outros transtornos mentais", conta Mateus.

 

Como o TRT5-BA atua no combate ao alcoolismo?

 

O setor de Assistência Social e da Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas (CDP) do Tribunal oferece orientação e acompanhamento para casos de dependencia de álcool ou outras drogas. A assistente social Elzita Andrade e outros servidores da área de saúde já realizaram cursos para receber essas pessoas. "Na orientação relatamos o caso e encaminhamos essas pessoas para clínicas ou outras atividades. Já acompanhamos casos de sucesso."

 

Além disso, por meio do Programa Trabalho Seguro, o Regional já promoveu ações externas de conscientização e combate à prevenção de acidentes com a participação de representantes do grupo de Alcoólicos Anônimos (AA).


Secom TRT5 (Milena Hildete) - 18/2/2016