Semana Institucional discute ética e comportamento

 

Será que a sociedade globalizada e tecnológica em que vivemos com o intenso desenvolvimento material está descuidando de valores essenciais ao homem e tornando-o vulnerável a interesses e vantagens imediatas? Para responder a esta e a outras perguntas, foi convidado para apresentar a palestra "Modernidade Líquida e os desafios do Judiciário", durante o 4º Encontro Institucional da Magistratura do Trabalho da Bahia, o historiador e professor da Unicamp, Leandro Karnal. Especialista em História das Américas, ele também é colaborador na elaboração curatorial de museus, como o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Graduado em História e doutor pela Universidade de São Paulo, tem diversas publicações sobre o ensino da História da América e das Religiões.

 

O tema apresentado tratou de uma cultura ocidental com valores essenciais diluídos e, por consequência, com homens incapazes do relacionamento pleno com o outro, de compreender a subjetividade de cada ser, intolerantes a tudo que destoe dos padrões vigentes, onde a solução mais fácil é a de exclusão do diferente, do inesperado.

 


O palestrante iniciou o discurso citando a base da ética aristotélica, que é a ideia de responsabilidade. Nesse sentido, ele citou os seus alunos, que segundo ele, sempre chegam atrasados e nunca assumem a responsabilidade pelos atrasos. E ainda, segue dizendo que os brasileiros possuem essa tradição de omitir seus erros, de não assumirem a responsabilidade por seus atos. E, devido a isso, a população brasileira possui uma grande dificuldade de incorporar a noção aristotélica de responsabilidade.

 

Para ele, no mundo líquido, a capacidade se se comunicar é cada vez mais difícil, e a ideia de responsabilidade, que ganha novo significado pelo iluminismo, é considerada a capacidade de diálogo entre o bem individual e o bem comum. Para afirmar como a sociedade brasileira carece da noção de responsabilidade e de bem comum, ele utiliza o exemplo da cultura do futebol. No final, Karnal retoma o exemplo da subjetividade da ética, citada no inicio do discurso, para mostrar como todos cometem infrações éticas, mas não enxergam ou não se responsabilizam pelos atos.

 

Em seguida, o desembargador do TRT de Campinas, Ricardo Tadeu, apresentou o tema Direito do Trabalho e a lapidação dos direitos humanos: a defesa dos grupos vulneráveis . O Direito do Trabalho foi o primeiro ramo do conhecimento jurídico que estabeleceu em concreto a igualdade material, rompendo com os mitos da igualdade formal. O processo de lapidação dos direitos humanos impôs a busca de instrumentos jurídicos para a defesa de grupos socialmente fragilizados em razão de questões históricas e culturais. Existe, assim, uma estreita ligação entre o Direito Laboral e a defesa desses grupos, porque o propiciado pelo Direito do Trabalho viabilizou a percepção de que a própria eficácia dos direitos humanos dependa da aceitação da diversidade humana como fator de aprimoramento da vida social.

 

Secom (Léa Paula)/Escola Judicial - TRT5 - 7/8/2015