Ficava em casa ansiosa, pensando no trabalho - lembra servidora

Entre as histórias recolhidas pela Comissão de Reabilitação, estão as de duas servidoras, uma afastada por Ler/DORT e a outra por artrose nas mãos, justamente quando estavam terminando a graduação em Direito, com amplos projetos de carreira no TRT5. Acometidas pela dor, foram procurar especialistas em ortopedia e reumatologia, e, embora os médicos não conhecessem o ambiente de trabalho, logo avisaram que as pacientes não poderiam voltar às suas atividades.

 

"Foi muito difícil ouvir isso, pois apesar das dores, ficava em casa ansiosa, pensando no tanto de trabalho que tinha para fazer na secretaria da vara", conta uma das servidoras, que nos 15 anos de Tribunal sempre trabalhou na primeira instância e já foi diretora de secretaria de Vara. Ela relata sua dificuldade ao perceber, depois de quatro meses em readaptação, que não podia mais ficar lotada na 1ª instância.

 

A readaptação a secretarias de Vara, aliás, se mostrou infrutífera no caso de ambas, mesmo com a comissão negociando antecipadamente com a chefia tarefas e jornadas especiais - quatro horas por dia. A demanda de trabalho é tão intensa que todas as partes envolvidas na negociação perceberam a impossibilidade de permanência.

 

A outra das servidoras trabalhava como secretária de audiência e gostava muito do dinamismo da atividade, "só não esperava sair de lá doente", comenta. Agora ela continua na área judiciária, mas trabalha com várias limitações − uma delas é para manuscrever, tanto que está treinando a escrita com a mão esquerda. Ela tem jornada de quatro horas e conta com o acompanhamento da comissão. "Enfrentar este momento tão difícil e doloroso foi possível porque tive apoio na psicoterapia e da comissão, que facilitou muito retomar o trabalho", avalia.

 

Já a ex-diretora de secretaria de VT, adaptada na área administrativa, relata que "Para chegar a esta conclusão e aceitar, foi importante retornar para a Vara e constatar isso no dia-a-dia. Mais importante ainda foi o suporte da comissão, que até me orientou a fazer uma psicoterapia para enfrentar melhor essas mudanças", relata. "Estudo agora a possibilidade de me aperfeiçoar na área do direito administrativo, estou começando a me encantar com esse novo conhecimento", comenta, com otimismo.

 

De acordo com a médica do trabalho Mônica Angelim, "os desafios para o tratamento e a reabilitação de trabalhadores com LER/DORT ultrapassam as dificuldades reconhecidas pela biomedicina para o tratamento da dor crônica. Eles exigem ações concomitantes com a pessoa doente, e nos contextos do trabalho e sócio-cultural".

 

Ascom/TRT5 - 20.08.2008