Escola para autistas pede apoio à comunidade

Crianças brincam e aprendem ao ar livre
 


Pais e amigos da Escola Clínica Evolução, no Imbuí, estão precisando de toda ajuda possível. Eles sabem do seu dever para com os portadores de autismo e não reclamam na hora de acompanhá-los, pelo contrário. Há 13 anos, fundaram a instituição e até hoje participam da direção da entidade, ocupando-se das finanças, da administração, da supervisão de pessoal e de outras responsabilidades. Cerca de 40% deles investe do próprio bolso, com muito esforço, na estrutura da clínica, mas a maioria não tem como contribuir, e muitas pessoas carentes sofrem na fila, à espera de atendimento. Olhando em volta, esses voluntários vêem demandas quase intransponíveis. Por isso, estão pedindo ajuda.
 


A Evolução oferece serviços especializados no tratamento de autismo e hiperatividade, visando ao desenvolvimento de habilidades, dando apoio psicológico e preparando os jovens para o relacionamento com o mundo. Além de atender meninos e meninas, a instituição agrega as famílias dos alunos carentes, que trocam experiências e aprendem a lidar com as dificuldades de inserção. É comum, por exemplo, que mães fiquem no espaço de convivência da clínica realizando trabalhos manuais enquanto seus filhos estão sendo educados. A renda desses trabalhos é revertida para a instituição.


 
"Muitas vezes as crianças não são portadoras de traumas, as suas famílias, sim, é que precisam de ajuda, estão assustadas, sem orientação", explica a psicopedagoga Marcya Gleyse Chianca de Brito, responsável pelo trabalho educacional da clínica. Ela fala que a instituição busca fazer com que o jovem possa lidar com as suas necessidades, ensinando noções de higiene, de perigo e segurança, a tarefa de vestir-se sozinho, de expressar sentimentos e respeitar o espaço alheio. Essas atividades, consideradas simples para crianças comuns, tornam-se passos vitoriosos no aprendizado especial.
 


De acordo Ângela Vidigal, presidente da Associação dos Pais e Amigos de Autistas, entidade mantenedora da Escola Evolução, cerca de 100 alunos são atendidos ali permanentemente, inclusive fazendo lanches e refeições. O trabalho é desenvolvido por uma equipe de 38 profissionais, contando com professores, fisioterapeutas, psicólogos e administradores. A sede é ampla, com aproximadamente 10 mil m², e possui clube das mães, dez salas de aula, todas com banheiro, consultórios, refeitórios, brinquedoteca, piscina, área verde e minizoológico.
 


Situação difícil - Mesmo sendo considerada uma entidade de utilidade pública federal, estadual e municipal, a Associação se mantém com recursos de alguns integrantes que podem pagar mensalidade e por convênios que asseguram parte do material de consumo, como medicamentos e alimentação. Por outro lado, a cobrança de tributos, inclusive previdenciários, pode acabar sufocando todo esse esforço. "A Associação é tratada como se fosse uma empresa com fins lucrativos. Arrecada-se R$ 28 mil por mês e as despesas totais, incluindo obrigações fiscais, alcançam R$ 35 mil", constata a desembargadora do TRT5 Graça Boness, colaboradora da entidade.
 


A magistrada explica que associações beneficentes como a Escola Clínica, o Martagão Gesteira e o Projeto Axé vivem situações idênticas, embora prestem serviços indispensáveis à sociedade. Ela diz ainda que pretende lutar junto a deputados por uma legislação que permita a sobrevivência e facilite a captação de recursos para essas organizações. Enquanto a lei não muda, apela aos magistrados e servidores do TRT5 para que ajudem como puderem, com doações avulsas. A desembargadora quer propor, no começo de 2008, um convênio com o Tribunal através do qual seja possível realizar descontos mensais consignados na folha de quem quiser apoiar o projeto. 
 


"Mostrar que o trabalho da associação está dado certo é o melhor argumento para a sociedade", diz a desembargadora, que dá seu testemunho sobre o aprendizado e a evolução das crianças atendidas na Escola Clínica. Para quem quiser visitar a instituição, o endereço é rua Alberto Fiúza, 500, no bairro do Imbuí. Doações devem ser feitas, com urgência, na conta 4.464-4, agência 3460-6, do Banco do Brasil. Notas fiscais também podem servir para trocas com o Governo do Estado. O site da escola é www.evolucao.org.br, o telefone, 3231-1502, e o e-mail é evolucaoinespi@ig.com.br .

 

ASCOM/TRT5 - 13.12.2007