A comunicação para humanização da Justiça é discutida em congresso

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''O que as instituições esperam da sua comunicação?'' foi o tema da cerimônia de abertura do IX Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação da Justiça (Conbrascom) nesta quinta-feira (10), em São Paulo. Sob o tema ''O Papel da Comunicação no Judiciário Contemporâneo'', a abertura oficial do evento foi coordenada pelos presidentes do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, desembargadora Maria Doralice Novaes, e pela defensora Pública Geral do Estado de São Paulo, Daniela Sollberger Cembranelli.

 

O IX Conbrascom vai até esta sexta-feira (11) e, este ano, aborda temas como a necessidade de expansão e aprimoramento da comunicação internacomunicação institucional nas mídias sociaisnotícias e fatos relevantes para a sociedade; além de esclarecimentos sobre a credibilidade da informação. O evento conta com a presença de assessores de comunicação de todo o Judiciário e de magistrados, como o ex-conselheiro do Conselho Nacional de Justiça José Ney Freitas, desembargador do TRT da 9ª Região, bem como de profissionais da área, como os jornalistas Frederico Vasconcellos, repórter especial da Folha, e Roberto Cabrini, apresentador do Conexão Repórter, do SBT. A diretora da Secretaria de Comunicação Social do TRT da Bahia, Léa Paula Coury, participa do evento representando o Regional.

 

A conferência com o tema do evento foi feita pelo jornalista Ricardo Kotscho (foto abaixo), comentarista do Jornal da Record News, que atuou nos principais veículos da imprensa brasileira, além de ter sido secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, de 2003 e 2004. Ele fez uma explanação sobre as mudanças que ocorreram nesse meio século. ''Hoje todos são emissores e receptores de informação. São milhões de formadores de opinião'' disse Ricardo, que alertou para o grande desafio em se saber qual conteúdo deve ser utilizado nas inúmeras plataformas existentes e para a necessidade de atuação do assessor de comunicação como um 'conselheiro preventivo' nas decisões institucionais.

 

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REDES SOCIAIS - A jornalista Ana Brambilla, mestra em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e editora de mídias sociais da Editora Globo apresentou o tema ''Comunicação Institucional nas Redes Sociais''. Segundo a jornalista, o Facebook é o meio mais utilizado para o compartilhamento de informações e não apenas para a divulgação de temas institucionais: ''Justamente por isso deve ser aproveitado como forma de envolvimento para temas de interesse público'', argumentou a jornalista comparando a rede social a uma mesa de boteco, onde as informações são ditas de forma mais descontraída e leve.

 

Já o YouTube, para Brambilla, tem como prioridade a visibilidade de vídeos, enquanto o Twitter tem como prioridade as notícias oficiais sintetizadas. Para a pesquisadora, as redes sociais surgem como desdobramento de páginas e blogs com o intuito de aumentar o relacionamento entre instituições e sociedade de forma geral, não apenas com o seu público alvo. ''Temos que atingir os amigos do nosso público e utilizar outros veículos nesse compartilhamento, nos perguntando antes qual nosso objetivo ao abrir este canal de comunicação, pois se trata de um ambiente mais humano e menos formal'', afirmou.

 

COMUNICAÇÃO INTERNA - Em seguida, o desembargador Ney José de Freitas apresentou o painel ''Necessidade de expansão e aprimoramento da Comunicação interna dos órgãos'', ressaltando que ''se não houver consenso interno entre a forma de comunicação utilizada como haverá a boa comunicação com a mídia externa?''. Ele explicou que houve uma grande evolução tecnológica, mas que a Justiça e o Direito não a acompanharam. ''Para quem os juízes escrevem suas sentenças se não forem compreendidas pelo público em geral?'', perguntou, ao criticar os magistrados que insistem em utilizar o ''juridiquês'' em suas decisões.

 

Segundo o magistrado, o juiz recluso que vivia apenas para o processo, e que não podia nem aparecer em público entre amigos está desaparecendo, todavia ''ainda não termos um juiz totalmente afinado com o nosso tempo'', criticou, se referindo àqueles que se mantêm distantes e que trabalham para apenas serem notados no seu meio. ''Hoje tratamos de células-tronco e de questões tecnológicas, não há como mantermos mais esse distanciamento, não se trata de ser midiático, pois o exagero e egocentrismo podem por tudo a perder'', alertou, defendendo que o magistrado dever estar atento às questões sociais e às artes. ''A ciência educa, mas a arte humaniza e precisamos humanizar mais nossas decisões, para isso há comunicação, pois o cidadão precisa de uma decisão rápida e clara'', concluiu, garantindo que 'o perfil do juiz alinhado com as questões atuais sairá das escolas judiciais'.

 

PROGRAMAÇÃO - Ainda nesta quinta, será apresentado o tema ''A Busca da Informação'', com o jornalista correspondente da Rede Globo Cesar Tralli. Em seguida, o tema ''Redes Sociais no Judiciário'' volta à discussão com Tarso Rocha, assessor de Comunicação Institucional do CNJ. Também ocorrerá a reunião da diretoria do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça.

 

Nesta sexta-feira (11), serão apresentados os cases dos finalistas do Prêmio de Comunicação e Justiça, além da palestra ''Jornalismo Investigativo em Órgãos Públicos''. O TRT da Bahia também é finalista no prêmio com o documentário ''Trabalho Infantil - Ontem e Hoje'', cujo resultado será divulgado ao final do congresso.

 

Secom TRT5 (Léa Paula Coury) - 10/10/2013