Juízes e servidores aprofundam conhecimentos sobre Sociologia do Trabalho

A socióloga Graça Druck ministra curso até novembro na Escola Judicial

A atual crise mundial, desencadeada nesta semana a partir da falência de instituições financeiras norte-americanas, é um representativo exemplo da ganância sem limites do capitalismo, que reflete no mundo do trabalho com a precarização das condições laborais − prevê-se demissões em massa em todo o mundo. Esta é a visão de Graça Druck, que, juntamente com Tânia Franco, ambas doutoras em Sociologia do Trabalho e professoras da Ufba, está ministrando o curso de Sociologia do Trabalho para juízes e servidores do TRT5. O curso começou hoje, dia 19, e vai até novembro, com aulas quinzenais.

 

Promovido pela Escola Judicial, o curso tem a intenção de ampliar a base de conhecimentos de quem está atuando no dia-a-dia com as lides trabalhistas − participam das aulas 41 juízes e 28 servidores. ¿A sociologia ajuda a compreender de uma forma mais global o que se vive na Justiça do Trabalho de uma maneira mais compartimentada com as reclamações trabalhistas¿, avalia Druck. Ela considera de extrema importância que magistrados e servidores se aproximem da produção científica sobre o mundo do trabalho.

 

De acordo com a professora, todas as instituições vinculadas ao Estado com papel social de regulação do Trabalho têm de por limites à precarização das relações trabalhistas ¿ como a terceirização −, pois as mudanças com a flexibilização dos direitos desenvolveram uma violenta regressão social. ¿E isso não é exclusivo do Brasil: está acontecendo no mundo inteiro¿, comenta Druck, que também tem formação em ciência política e econômica. Ela e Tânia Franco lançaram recentemente o livro ¿A perda da razão social do trabalho − terceirização e precarização¿, pela editora Boitempo.

 

O curso começou hoje com o módulo ¿A categoria trabalho nos clássicos da Sociologia (Marx, Weber e Durkheim)¿, e aborda nas próximas semanas os seguintes temas: ¿As principais transformações históricas do trabalho no século XX: taylorismo, fordismo e toyotismo¿; ¿A precarização do trabalho no capitalismo flexível: os impactos sobre a saúde e a vida dos trabalhadores¿; ¿Brasil: taylorismo e fordismo. Trabalhismo e ideologia trabalhista ¿ a CLT, origem e implicações. A legislação social e a proteção social na era Vargas¿ e ¿A flexibilização do trabalho no Brasil: as diferentes fases de implementação do toyotismo, a terceirização e principais implicações. A desestruturação do mercado de trabalho nacional e regional. O trabalho informal. O desemprego e as questões sociais. A reforma da legislação trabalhista e sindical. O papel do poder público na atualidade¿.

 

Ascom/TRT5 ¿ 19.09.2008