Magistrada coordena projeto para comunidades carentes

A juíza Soraya Gesteira coordena projeto social da Amatra 5

 

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região homenageia magistradas e servidoras com algumas reportagens que mostram o trabalho delas e contam um pouco de suas vidas.

 

Apesar do nome simpático, o "Beco da Cultura" no Nordeste de Amaralina, não é lugar dos mais tranqüilos. Ao contrário, a região é povoada por gangues e até os moradores do local entendem que é preciso cuidado para sair de casa e atravessar certos territórios demarcados pela marginalidade. Essa situação, porém, não intimidou a juíza Soraya Gesteira, que em 2006 enfrentou esses perigos para lutar pela cidadania naquela comunidade.

 

O trabalho da magistrada faz parte do Projeto Trabalho Justiça e Cidadania, que a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 5ª Região (Amatra5) encampou naquele mesmo ano, acompanhando iniciativa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra). Na Bahia, o programa - que leva noções de direitos sociais a estudantes de escolas públicas - vem sendo coordenado pela Dra. Soraya, que destaca a participação de outras juízas na ação, entre os quais Alice Braga, Ana Cláudia Scavuzzi, Carla Novelli, Renata Gaudenzi e Rosemeire Lopes Fernandes, esta última responsável pela expansão do projeto em Porto Seguro.

 

"A nossa intenção é melhorar a visão que as pessoas têm da Justiça do Trabalho. Mostrar que a instituição funciona, aproximar o juiz da comunidade e democratizar o acesso ao Judiciário. No começo, as pessoas têm certa desconfiança, mas quando percebem o nosso objetivo, tornam-se mais receptivas. É algo que dá muita satisfação porque vai além da obrigação cotidiana de nosso cargo", diz a juíza.

 

Militância - A carreira da magistrada começou em 1993, atuando em Teixeira de Freitas, depois em Paulo Afonso, Senhor do Bonfim, Feira de Santana e finalmente em Salvador, onde hoje é a titular da 2ª Vara da Capital. A preocupação social cresceu com o tempo, e a levou à militância na Amatra 5, onde ocupou, desde 2003, os cargos de secretária e tesoureira. Atualmente ela exerce a função de vice-presidente da entidade.

 

Dra. Soraya diz que nunca sofreu discriminação em seu trabalho e acredita que as mulheres têm qualidades como a versatilidade e a disciplina, que as projetam na carreira. Mas ela também observa: "Nada é perfeito. Hoje em dia, a mulher está completamente inserida no mercado de trabalho, só que isso se traduziu no acúmulo de responsabilidades e de obrigações. Ela tem que lidar com papéis dentro e fora de casa, como trabalhadora e mãe. Inclusive sendo arrimo de família em muitas situações".

 

A magistrada acredita que as mulheres em idade fértil encontram dificuldade para arrumarem colocação, sendo muitas vezes preteridas pelos empregadores, mas se diz otimista com as conquistas femininas: "Acho que as próximas estatísticas vão revelar uma ascensão da mulher que já é fruto das mudanças que a sociedade vem vivendo", comemora.


(ASCOM/TRT5 - 05.03.2008)