Trabalho escravo é uma patologia, mas também visa lucro - diz Sakamoto


Leonardo Wandelli, juiz do TRT9, participou do evento à tarde

¿O trabalho escravo não é somente uma patologia. É resultado de um cálculo racional dos grandes produtores sempre visando ao lucro¿, assim o jornalista Leonardo Sakamoto, coordenador do portal Repórter Brasil, iniciou sua palestra, na manhã desta sexta-feira, dia 17, na Oficina sobre o Segundo Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, fazendo um panorama da escravidão atual do país. Participaram da abertura do evento a desembargadora Marama Carneiro, diretora da Escola Judicial do TRT5, que promoveu a oficina com o apoio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, aqui representada pelo seu assessor, José Guerra.  Magistrados e servidores lotaram o auditório da Escola Judicial, onde a oficina transcorreu até o fim do dia.

 

Logo no início do evento, o juiz Marcus Barberino, do TRT da 15ª Região (Campinas/SP), destacou a participação do Governo Federal no combate a erradicação do trabalho escravo no Brasil. De acordo com o magistrado - que compõe um grupo de seis juízes do Trabalho escolhidos pelo ministro Paulo Vannuchi para coordenar as oficinas -, a iniciativa busca mostrar como a prática da escravidão está conectada com o funcionamento do mercado de trabalho em geral e, portanto, tem repercussão na aplicação do direito do trabalho e da lei.

 

Uma medida importante do Governo Federal destacada por Sakamoto foi a criação da chamada Lista Suja, feita em parceria com Ministério Público do Trabalho, polícias Federal e Rodoviária Federal, mapeando as principais regiões que fazem exploração de trabalho escravo.

 

A lista é formada atualmente por 225 empresas, que representam 25% do PIB brasileiro. Desde a criação do Pacto Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, em maio de 2005, o governo vem conseguindo, aos poucos, combater esse tipo de exploração. Somente em 2007 foram libertados aproximadamente seis mil trabalhadores escravos em todo o país.

 

As regiões mais críticas do trabalho escravo no país são a Norte e a Nordeste, embora a situação ocorra em todo o território nacional. A mão-de-obra escrava é promovida, segundo Sakamoto, principalmente pelos grandes produtores agropecuários que exploram trabalhadores analfabetos, na faixa etária entre 18 e 44 anos.

 

Especialista no assunto, pois desde 2001 o Repórter Brasil denuncia sistematicamente o trabalho escravo. O jornalista ressaltou  que o Governo vem combatendo este tipo de crime, mas ainda mantém os financiamentos para grandes produções agrícolas pelos bancos estatais e de desenvolvimento ¿sem exigir que eles garantam direitos fundamentais dos trabalhadores¿.

 

Ascom ¿ 17.07.2009